sábado, 8 de junho de 2019

Relação Zen


Outro dia, há alguns anos, um amigo me disse: "Eu convivo bem demais sozinho, não me vejo vivendo com alguém". Naquele momento, eu entendi que se tratava de algo circunstancial, de quem quer aproveitar uma fase da vida chutando o balde e caindo na gandaia. 

Hoje vejo que não é o caso, cada vez mais gente opta por viver sozinho por não acreditar numa boa convivência à longo prazo, ou, simplesmente, por não acreditar no amor. Essas pessoas, geralmente, buscam relações mais efêmeras, que saciam seus desejos de momento. 

Entendo que não seja por acaso que tanta gente resolva viver covardemente a sua vida afetiva. Em tempos de redes sociais, nossa percepção sobre as relações foi muito afetada. Diariamente, somos bombardeados por declarações e registros da rotina de casais felizes e sorridentes. E que mal há nisso? Nenhum! Contudo, esses capítulos da vida a dois exibidos nas redes, costumam mostrar somente a parte boa daquela relação, sem letras miúdas e sem asteriscos. Como um comercial de um carro novo, oferecido sem entrada e sem juros.

Esse novo ideal de relacionamento constrói expectativas que jamais serão superadas. E por motivos óbvios: não há perfeição em relacionamentos. Estes são compostos por pessoas. E pessoas… bem, você sabe. São complicadinhas demais para protagonizarem algo que seja perfeito. 

Nós costumamos analisar pontos fortes e fracos de produtos diversos antes de uma compra, correto? Que tal entender que também temos os nossos!? E levamos tudo isso para os relacionamentos. De repente o sujeito é simpático, mas é preguiçoso… De repente a moça é bonita, mas é fútil. Enfim, talvez o segredo para o equilíbrio dessa balança seja o entendimento de que os defeitos são inevitáveis, e que, as qualidades podem fazer os defeitos parecerem uma agulha num palheiro. 

Um tempo atrás, citei em um texto que não é o amor que sustenta o relacionamento, mas é a forma de relacionar que sustenta o amor. Continuo acreditando nisso. Diferente das nossas expectativas, nem tudo são flores, nem poderia. Mas com doses diárias de bom senso e compreensão, conseguimos vencer boa parte das nossas dificuldades. Viver bem com a gente mesmo e com quem a gente gosta é o prêmio para o esforço simples de apoiar, cuidar, e expressar em atos pequenos e diários o que chamamos de AMAR.

 Allan Kemps Pontes Ferreira